domingo, 31 de outubro de 2010

dancing in the moonlight

sonhei:
era noite escura. eu estava sozinha. tu também. e estavas ali, tão perto.. tão próximo..
fixaste o teu olhar no meu, eu fixei o meu no teu, e assim ficamos. estava estática, imóvel,  não queria sair dali, so desejava continuar a olhar-te. Então, tu caminhaste na minha direcção. queria fugir, evaporar-me no ar. No entanto sabia que era a minha oportunidade de ter junto de mim, como nunca tinha tido antes.
e tu caminhavas… cada vez mais perto, cada vez mais próximos.
parecia que caminhavas em câmara lenta e nunca mais chegavas a mim.
então, paraste. estava mos a um palmo um do outro, nem mais, nem menos. sentia a tua respiração ofegante, as tuas palpitações aceleradas, cada vez mais aceleradas (assim como as minhas), os teus olhos fitavam me de uma maneira inexplicável, eu mordia o meu lábio inferior na tentativa de não dizer nenhum disparate, para não estragar aquele momento perfeito. E pensava: isto não é real! Ate que… agarraste a minha mão. Congelei. tua pele estava quente molhada.  não fazia a mais pequena ideia do que irias fazer, mas estava a adorar aquilo. Então, disseste: “danças?” eu não acreditava, parecia um filme, um filme dos anos 80, dançar? Mas eu não sei dançar. Aqui? E se aparece alguém? Que coisa estúpida. Surreal e antiquada. Mas tão enternecedora, aliciante. romântica.
era noite cerrada, so o luar nos iluminava. So a lua clareava e assistia de camarote àquele momento inesquecível. Sorri-te de uma forma trocista e fiz uma careta, tu recuaste. assustei-te, ridicularizei te. Pensava que tinha estragado tudo. Sabia, que não podia deixar isso acontecer. E antes que dissesses alguma coisa, eu disse “sim, eu danço.” aí, a alegria invadiu te por dentro. invadiu-te a alma. Invadiu te o corpo também, pois não escondeste um sorriso, e que grande sorriso. Contagiaste me de imediato. ja sentia a febre da dança a correr me pelas veias.
voltaste a pegar na minha mão, e dançamos. Não sei que raio de dança era aquela, mas eu sentia me bem, sentia me a melhor dançarina de sempre. Sentia que tinha comigo o melhor parceiro que alguém poderia ter. e não me enganei. O tempo passava rapidamente no relógio, mas não por nos. E dançámos, dançámos, dançámos ao luar.
estava a amar-te de verdade, a amar-te como nunca havia amado ninguém. e sabia que era recíproco.
então, o tão esperado beijo surgiu, não sei como, nem porque, mas os nossos lábios uniram-se, como um íman. E não havia força que os separasse.
depois, apertaste-me com força, já não te queria largar. O teu abraço preencheu o vazio que tinha dentro de mim, um vazio que pensei ser interminável, que tu preencheste.
subitamente, tiraste as minhas mãos do teu pescoço, deste me um beijo curto e enxuto, e desapareceste na escuridão.
não sabia o que se tinha passado ali, mas repito, a-d-o-r-e-i.
o mistério do teu desaparecimento inesperado deixou me ainda mais louca, apaixonada. sentia e tinha esperança que havias de voltar…

entao, acordei. triste por perceber que tinha sido apenas um sonho e por saber que não o podia transpor para a realidade. acordei. feliz, de coração cheio pois tive-te de corpo e alma, só para mim, só meu.

metamorfose

finalmente sinto-me diferente, estou a crescer, estou em completa mudança.
os meus gostos mudam de dia para dia, o meu corpo esta a ganhar forma, os rapazes já não são o assunto geral, penso todos os dias no meu futuro e ate já gosto mais da minha mãe. É fantástico.
mas, nem tudo é bom. sinto me deprimida, frágil, há dias em que acho que bastava um toque um pouco mais forte para me desmembrar, para me quebrar, para me separar em pedaços espalhados pelo chão,
no entanto, tenho outros dias em que me sinto totalmente arrebatada, dias em que me apetece gritar, gritar ate rebentar as artérias, expulsar todo o sofrimento que acumulei e elimina-lo logo de seguida, há dias em que a alegria é interminável, contagiante.
e depois volto aos meus dias de amargura, dias em que so me apetece enfiar num sítio muito escuro e fechar os olhos, fecha-los com muita força para não sentir nem uma ponta de claridade a romper, e aí, chorar, somente chorar, desabafar comigo própria todos os meus medos e angústias.
dias depois, sinto-me tranquila, outra vez.  a felicidade invade-me novamente, a alegria regressa, e a vontade de sorrir resiste de novo. São nesses dias que faço castelos no ar, pinto um futuro prometedor, e os meus pés distanciam-se do chão sem eu mesma dar conta.
e é sempre assim, um ciclo vicioso, rir, chorar, chorar e rir, esta constante desconfortável, esta rotina frustrante, estou a sufocar em mim própria, é difícil suportar tantos sentimentos embaraçados, mas eu vou arriscar e vou encarar a besta de frente. afinal é o despontar da adolescência, uma etapa para ser percorrida e uma fase para superar.
e ainda assim posso assegurar que ser adolescente é magnífico. pois todos passamos por esta metamorfose, que apenas nos torna mais experientes, mais sábios e fortes, e bem mais maturos para encarar a vida, que por vezes é complicada. por vezes… quem estou eu a enganar? a vida é dura! sim, eu sei, estou a fazer da adolescência um bicho-de-sete-cabeças,  quando na verdade «são melhores anos da nossa vida».

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

instantes perfeitos

«De que é feito o amor? De vontade, de tempo, de perfeição. De espera, de respeito, de paciência. De doçura, de proximidade, de generosidade. De sonho, de paixão e de alguma tristeza. Há pessoas que ficam muito tristes quando percebem que se vão apaixonar. E outras que ficam ainda mais quando se apercebem que não conseguem atingir esse estado exaltado e sublime que faz parar os ponteiros do relógio, satura as cores e traz uma luz perfeita à existência.

Eu pensava que sabia o que era o amor. O amor puro, incondicional, intemporal e inabalável que resiste a tudo, ao frio, à solidão, ao vento e à chuva, ao tempo e ao modo, à ausência e à distância. Cada dia que vivi nesse estado de graça era um dia cheio, podia ser o derradeiro, porque nada contava além desse sentimento abrasador, invasor, arrebatador que me tomava os membros e a alma, a cabeça, os olhos e o peito, as horas, minutos e segundos, que tomava conta da minha vida e de mim.

Não me interessava se o meu objecto amoroso, um rapaz afinal igual a tantos outros com olhos de criança e andar elástico, me amava ou me queria, tal era a dimensão do que por ele sentia. E, sem nunca desistir, habituei-me à ideia de que o amor era amá-lo, mesmo na ausência, na tristeza, no vazio das minhas mãos que se davam uma à outra sem que uma terceira as agarrasse para me dizer:
- Estás enganada, é preciso outra pessoa para construir o amor.

Quando nos habituamos a dar, receber torna-se um exercício difícil, quase assustador. Quando vivemos numa elevação permanente, baixar à terra parece-nos torpe e pouco digno. Quando somos náufragos dentro de nós mesmos, todas as praias são miragens e esquecemo-nos de procurar um porto de abrigo. E habituamo-nos a uma tristeza permanente que nos faz ver o mundo desfocado e que nos protege da luz que já fomos.

É muito difícil voltar a amar. Amar sem tempo, sem exigências, sem medo. Amar por amar, querer sem pensar, sonhar sem recear, deixar o barco partir outra vez. O barco balança mas a âncora não sobe, as velas enrolam-se de recato e cansaço, o vento não sopra e muito pouco muda.

Mas porque é impossível sobreviver no deserto ou navegar para sempre, há instantes de amor, momentos perfeitos em que sentimos outra vez o sangue a ferver, os olhos mudam de cor e as mãos voltam, por breves segundos, a entrelaçar-se, quando alguém nos diz ao ouvido:
- Estás enganada, pode ser isto o amor.

E pode, e deve e nós até queremos que seja, mas o coração não obedece a nada senão à sua própria vontade e o amor continua a ser um mistério que não sabemos como começa nem quando acaba. "I guess i’m luckier than some folks/I knew the thrill of loving you", canta o Chet Baker enquanto escrevo estas linhas para nelas guardar instantes perfeitos que desejaria transformar numa vida inteira. Mas a vida é isto: acho que tenho mais sorte que os outros, pois já amei alguém. Agora, aprendi a amar a vida, a cor da lua quando enche, o tempo que passamos juntos, tu e eu, num sossego só nosso, feito de pequenos instantes perfeitos que se vão dissolvendo na espuma dos dias.»

Margarida Rebelo Pinto

desabafo

o amor é complexo, que novidade.
amar não é para quem sabe, mas para quem pode, e eu posso, ou pelo menos achava que podia. controlava tudo, amparava todos, resolvia qualquer problema ao qual me pedissem ajuda.
m
as quando somos postos à prova é que mostramos realmente de que somos feitos, e nunca agimos como planeado.
e
m tempos, achava que amar alguém e não ser correspondido era a pior coisa que me podia acontecer, mas pior que isso é quando alguém nos ama, de um jeito tão irrepreensível e doce, e nos não o amamos da mesma forma, ou melhor nem sequer o amamos, é cruel.
é
 cruel saber que ele esta sempre la para mim, e eu não estou uma única vez para ele, é cruel saber que sou essencial na vida dele, e que eu consigo suportar facilmente a sua ausência, é cruel saber que sou eterna para ele, e ele é unicamente passageiro, é cruel saber que ele dava tudo para ficar comigo para sempre, e eu não dava nada para estar com ele por umas horas.é desumano saber que alguém dava a vida por nos, e nos por mais que queiramos não conseguimos ama-lo.
mas o mais cruel mesmo é ter que lhe dizer tudo isto, arrancar dos meus pensamentos todo este desdém, todo este desamor, e ter que o passar para palavras nuas e cruas. tive que o afastar, empurrar, destrui toda a sua paixão. todo o seu afecto, todo o seu amor, eu reduzi a cinzas.o amor não faz sentido, o amor apenas serve para arruinar almas, acabar com sentimentos, destruir sonhos, aniquilar corações, enlouquecer pensamentos, e ate matar criaturas.
agora penso que tudo era mais fácil se amassemos quem nos ama, sem disputa e sem discórdia, somente corresponder o sentimento…
tentei.

domingo, 3 de outubro de 2010

everywhere i look i see your eyes

vagueio pela rua, e tudo o que contemplo evoca a tua bela imagem.
a tua subtil forma de andar, parece que deslizas sobre a calçada num gesto tão hábil e admirável que não é visível a olho nu, só eu o avisto e reconheço, porque es a minha matéria favorita.
o teu sorriso encantador, verdadeiro e delicioso, os teus lábios espessos e carnudos são a minha perdição, és completamente fascinante. clareias qualquer navio sem rumo com esse teu sorriso luzidio.o teu abraço é qualquer coisa de especial, estonteante, magistral, quando os teus braços se enrolam nos meus, os nossos corpos se concebem, e me apertas como se nunca mais me tivesses, é o êxtase absoluto. faz me desejar ser senhora do tempo, e para-lo naquele preciso instante.os teus olhos são o espelho da tua alma, es transparente. e através dos teus olhos eu sei quando não estas bem, são profundos, intensos, quando fixo os meus olhos nos teus percorro toda a tua aura, descubro imensos lugares, imensos pensamentos, tudo que guardas dentro de ti. cada vez  se torna mais difícil para mim fugir a esse teu olhar cativante e magnético.
quando vagueio pela rua, tudo o que contemplo evoca a tua bela imagem.
t
alvez por causa da tua discrepância perante os outros. talvez porque cada pessoa tem um pedaço de ti, e tu um pedaço de cada pessoa,  o que te torna ainda mais fascinante.
quando vagueio na rua, estou sempre na esperança de te ver ao virar da esquina, de barrar contigo à entrada do jardim, de entrar no mesmo autocarro que tu, de me sentar ao teu lado na sala de cinema, de me cruzar contigo na mesma calçada.
por mais estranho que pareça, gosto de te confundir com qualquer outro rapaz encantador que passe por mim na rua, acho que foi só mais uma maneira que inventei para te sentir mais perto de mim.

sábado, 11 de setembro de 2010

outro poema muito antigo

contigo,
contigo eu nao existo,
apenas tu es personagem.
contigo eu nao resisto,
venerar tua bela imagem.

contigo,
contigo o sol nao brilha,
pois tua luz o irradia.
contigo nao ha pilha,
tudo se avaria.

contigo tudo apenas se torna perfeito.

tu e eu. eu e tu.

dava um bom título para um filme, sem duvida, mas isto trata-se da vida real, e o que esta feito, esta feito, o que foi dito, foi dito e não pode ser alterado ou apagado como um simples guião.
tu e eu, duas forças banais que coabitam neste mundo triste, duas forças que se atraem e que transpõem qualquer barreira para se unirem.
eu e tu, duas vontades, que se misturaram, que se tentam penetrar, e quando isso acontecer formaram a harmonia perfeita.
tu es uma força da natureza, eu sou frágil, fraca, tu es instintivo, eu limito-me a esperar e a crer, tu es novo, eu estou velha, tu es diferente, desigual, eu sou simples e banal, tu es o amor fresco, jovial, eu sou o amor usado e amargado, tu es perfeito, eu sou tudo menos perfeita, tu es tudo, e eu, eu podia dizer que nada sou, mas a partir do momento em que te fitei, preenchi o vazio que ocupava meu peito, e nada deixei de ser.
eu amo-te, tu não sei.