era noite escura. eu estava sozinha. tu também. e estavas ali, tão perto.. tão próximo..
fixaste o teu olhar no meu, eu fixei o meu no teu, e assim ficamos. estava estática, imóvel, não queria sair dali, so desejava continuar a olhar-te. Então, tu caminhaste na minha direcção. queria fugir, evaporar-me no ar. No entanto sabia que era a minha oportunidade de ter junto de mim, como nunca tinha tido antes.
e tu caminhavas… cada vez mais perto, cada vez mais próximos.
parecia que caminhavas em câmara lenta e nunca mais chegavas a mim.
então, paraste. estava mos a um palmo um do outro, nem mais, nem menos. sentia a tua respiração ofegante, as tuas palpitações aceleradas, cada vez mais aceleradas (assim como as minhas), os teus olhos fitavam me de uma maneira inexplicável, eu mordia o meu lábio inferior na tentativa de não dizer nenhum disparate, para não estragar aquele momento perfeito. E pensava: isto não é real! Ate que… agarraste a minha mão. Congelei. tua pele estava quente molhada. não fazia a mais pequena ideia do que irias fazer, mas estava a adorar aquilo. Então, disseste: “danças?” eu não acreditava, parecia um filme, um filme dos anos 80, dançar? Mas eu não sei dançar. Aqui? E se aparece alguém? Que coisa estúpida. Surreal e antiquada. Mas tão enternecedora, aliciante. romântica.
era noite cerrada, so o luar nos iluminava. So a lua clareava e assistia de camarote àquele momento inesquecível. Sorri-te de uma forma trocista e fiz uma careta, tu recuaste. assustei-te, ridicularizei te. Pensava que tinha estragado tudo. Sabia, que não podia deixar isso acontecer. E antes que dissesses alguma coisa, eu disse “sim, eu danço.” aí, a alegria invadiu te por dentro. invadiu-te a alma. Invadiu te o corpo também, pois não escondeste um sorriso, e que grande sorriso. Contagiaste me de imediato. ja sentia a febre da dança a correr me pelas veias.
voltaste a pegar na minha mão, e dançamos. Não sei que raio de dança era aquela, mas eu sentia me bem, sentia me a melhor dançarina de sempre. Sentia que tinha comigo o melhor parceiro que alguém poderia ter. e não me enganei. O tempo passava rapidamente no relógio, mas não por nos. E dançámos, dançámos, dançámos ao luar.
estava a amar-te de verdade, a amar-te como nunca havia amado ninguém. e sabia que era recíproco.
então, o tão esperado beijo surgiu, não sei como, nem porque, mas os nossos lábios uniram-se, como um íman. E não havia força que os separasse.
depois, apertaste-me com força, já não te queria largar. O teu abraço preencheu o vazio que tinha dentro de mim, um vazio que pensei ser interminável, que tu preencheste.
subitamente, tiraste as minhas mãos do teu pescoço, deste me um beijo curto e enxuto, e desapareceste na escuridão.
não sabia o que se tinha passado ali, mas repito, a-d-o-r-e-i.
o mistério do teu desaparecimento inesperado deixou me ainda mais louca, apaixonada. sentia e tinha esperança que havias de voltar…
entao, acordei. triste por perceber que tinha sido apenas um sonho e por saber que não o podia transpor para a realidade. acordei. feliz, de coração cheio pois tive-te de corpo e alma, só para mim, só meu.