sábado, 11 de setembro de 2010

outro poema muito antigo

contigo,
contigo eu nao existo,
apenas tu es personagem.
contigo eu nao resisto,
venerar tua bela imagem.

contigo,
contigo o sol nao brilha,
pois tua luz o irradia.
contigo nao ha pilha,
tudo se avaria.

contigo tudo apenas se torna perfeito.

tu e eu. eu e tu.

dava um bom título para um filme, sem duvida, mas isto trata-se da vida real, e o que esta feito, esta feito, o que foi dito, foi dito e não pode ser alterado ou apagado como um simples guião.
tu e eu, duas forças banais que coabitam neste mundo triste, duas forças que se atraem e que transpõem qualquer barreira para se unirem.
eu e tu, duas vontades, que se misturaram, que se tentam penetrar, e quando isso acontecer formaram a harmonia perfeita.
tu es uma força da natureza, eu sou frágil, fraca, tu es instintivo, eu limito-me a esperar e a crer, tu es novo, eu estou velha, tu es diferente, desigual, eu sou simples e banal, tu es o amor fresco, jovial, eu sou o amor usado e amargado, tu es perfeito, eu sou tudo menos perfeita, tu es tudo, e eu, eu podia dizer que nada sou, mas a partir do momento em que te fitei, preenchi o vazio que ocupava meu peito, e nada deixei de ser.
eu amo-te, tu não sei.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

e agora?


e agora? agora perdi o chao, perdi a cabeça, perdi os sentidos, perdi tudo, perdi-me.
so fiz asneiras, so disse disparates, coisas absurdas, fiz tudo mal!

e agora? agora preciso voltar aos bons velhos tempos, agora tudo são memorias.
agora sinto-me vazia, e no entanto so queria sentir-me cheia, cheia de ti, de nos.
mas não foi isso que aconteceu, hoje apenas me sinto só, igual a nada, sou um velho objecto, sujo, cansado, e muito gasto, um objecto que em tempos fora incrível, fui a novidade que depressa passou de moda, fui perfeita, fui mesmo!

e agora? agora nada. insignificância. vazio.
desculpa, sim desculpa, sei que não adianta, ninguém me quer desculpar, cometi tantos erros, dei tantas cabeçadas, que oito letras não são capazes de os apagar, como uma borracha, rápida, eficaz e sem deixar rasto, era bom, era tão bom…
mas infelizmente não é possível.

e agora? agora estou destroçada, plenamente devastada, nada me satisfaz, estou triste e o que mais queria era sentir-me feliz e fazer os outros felizes. mas não. foi um equivoco, correu tudo meticulosamente mal.

e agora?

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

saudade

uma palavra tipicamente portuguesa, uma palavra cheia, uma palavra que soa tao bem ao nosso ouvido, uma palavra pequena, com um grande significado. a saudade traz consigo a magoa do passado, e a felicidade que por momentos ja alcançamos, traz consigo tudo o era bom e acabou depressa, traz consigo frases feitas e verbos ja terminados, a alegria e a tristeza que nunca esqueceremos.
e eu tenho tantas saudades, saudades de tudo o que fiz, tudo o que vi, tudo o que toquei, tudo o que amei, tudo o que odiei, saudades de tudo o que vivi. se pudesse voltaria a viver tudo de novo! mas o mundo nao para por eu ter saudades, pelo contrario, quanto mais desejo regressar, mais o tempo passa, cada vez mais rapido, incontrolavelmente veloz, e chego à brilhante conclusao que é impossivel voltar atras.